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Especial amamentação: quando a fórmula é uma alternativa

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Tive uma gravidez tão tranquila, sem nenhum contratempo, que não achei que pudesse ser estressante em algum momento. Continuei com todas as minhas atividades e até fiz exame para faixa preta no taekwondo aos 7 meses!

Li bastante, me informei, mas especificamente sobre a amamentação, não corri muito atrás. Simplesmente porque achava que era natural. Tinha certeza que conseguiria. Haviam me dito que doía, que era bom preparar o mamilo antes, mas ninguém me falou das dificuldades que eu poderia enfrentar.

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Eu não tinha outra ideia na cabeça: ia amamentar no peito. Minha irmã amamentou os dois filhos. Minha mãe amamentou gêmeos – meu irmão e eu – no peito exclusivamente por meses! Então, eu preparei o peito, comprei pomadinhas e só me preocupei com as mamadeiras e bicos para depois dos seis meses de idade.

Quando a Flora nasceu, não a colocaram no meu peito logo depois do parto. Mas quando isso aconteceu, já no quarto, a primeira sensação foi ótima. Ela pegou, eu tinha colostro, as enfermeiras falavam “ai, que ótimo” e eu fiquei feliz. Mas minha filha sugava pouco, porque engoliu líquido amniótico e precisou fazer uma lavagem. Então, passou um dia e meio, mais ou menos, mamando bem pouco. Sempre que ela mamava, tinha um pouco de ânsia.

Na volta da lavagem, com fome, ela machucou um pouco meu peito e pensei, “ah, se for isso, tudo bem”, achei suportável. Minha maior dificuldade, no começo, era a “falta de mãos”. Porque como ela mamava dormindo, eu precisava cutucá-la para acordar. Mas com uma mão eu a segurava e com a outra fazia o “C” no peito para ela abocanhar. Com o tempo peguei prática e ficou mais fácil.

Fomos para casa e achei que continuava tudo bem. Eu a via sugando, vi o leite escorrendo pela boquinha dela... E comecei a usar o bico de silicone, porque meu peito machucou muito e quase sangrou. Passei quase um mês amamentando e achando que tudo estava às mil maravilhas. Como a Flora nasceu no dia 2 de janeiro, o pediatra estava viajando e só tivemos a primeira consulta no dia 22. Então soou o alerta vermelho. Ela não havia engordado nada! Nasceu com 3,1 kg, saiu da maternidade com 2,8 e estava com 2,850. Daí o médico começou a me fazer perguntas do tipo “você sente o leite descer?”, “sente ela sugar?”, e eu não não tinha segurança pra responder, porque não tinha experiência nenhuma com isso.

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Diante dos números, surgiram duas possibilidades. Uma, que o leite que eu tinha não era suficiente. Outra, que ela era preguiçosa e não sugava com afinco. Como eu tirava de 90 a 120ml com a máquina, e sempre vazava leite à noite, acreditamos que a segunda opção era a mais provável. 

O pediatra não queria introduzir a fórmula de jeito nenhum, então começamos o que eu chamo de “maratona da amamentação”. Tiramos o bico de silicone, porque poderia estar atrapalhando e, sempre que ela chorava, eu dava o peito. Num mesmo dia, cheguei a amamentar 14 vezes! Ela e eu quase não dormíamos. Ficamos duas semanas nisso e ela engordou só 100 gramas. Íamos ao pediatra toda semana e eu tentava de tudo para aumentar minha produção: tomei tintura de algodoeiro, me entupi de suco de uva integral, comi canjica e tirava leite com a máquina. A essa altura, já tinha perdido a vergonha de qualquer um. Ordenhava na sala, na cozinha. Mas estava exausta. Juntava o leite ordenhado ao longo do dia numa mamadeira e oferecia à noite para que nós duas pudéssemos dormir um pouco.

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O choro que, a princípio, eu achava que podia ser cólica devia ser fome! E como ela crescia, ficou comprida e muito magra. Dá até aflição de falar, mas parecia uma criança doentinha. Até que um dia, com um mês e meio, ela só chorava e eu liguei para o médico avisando que eu daria o complemento. Ele disse que tudo bem, que estava ouvindo o choro dela, que eu podia dar. Mas foi difícil. No começo ela vomitava tudo! Pensamos até que fosse alergia à proteína do leite de vaca, cogitamos experimentar o de soja, mas daí o pediatra sugeriu dar de pouquinho em pouquinho. Mal dava para ver na mamadeira. E aos poucos normalizou.

Até os dois meses e meio, tentei dar o peito. Em toda a mamada, oferecia o peito e a mamadeira. Primeiro ela chorava. Depois, ficava quieta, mas sem se mexer, porque já sabia que a mamadeira viria depois, e que era bem mais fácil! A Flora começou a engordar e eu fiquei superfeliz. Parei de oferecer e só ordenhava, mas daí o leite secou. Chorei por uma semana! Estava frustrada, apesar de todo mundo falar que não. Eu queria muito, mas ela abandonou. Meu marido nunca me pressionou, ao contrário, me ajudou muito. Ele ficou calmo, me tranquilizava, dizia que era tudo leite e que eu deveria ficar contente, porque estava tudo melhorando, e ela estava engordando.

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E incrível. Se antes ela chorava muito, por tudo, virou um bebê super regrado e calmo. Olhando para trás, vejo que a minha frustração foi em vão. Não sou menos mãe porque não consegui amamentar. Dar o peito era um momento de amor e carinho sim, mas existem outros. Amei amamentar, o ritual, ficar no quarto sozinha com ela. Isso é bem diferente da mamadeira. Mas também posso ter ficado mais experiente. Foram seis meses de licença em período integral com ela. Ainda dou as mamadeiras, as papinhas, troco todas as fraldas que posso. Hoje, a Flora está acima da média na curva do peso e não tem nenhum problema com alimentação. E, com certeza, vou tentar amamentar o segundo filho. Mais calma, quem sabe dá certo?

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