Antigamente as crianças dormiam cedo, comiam separado e quando se intrometiam na conversa dos adultos ouviam: “Isso não é assunto de criança”. Os papéis eram definidos e os pais não tinham tantas dúvidas. Hoje, época em que todos querem ser jovens, e em que vemos garotos e garotas imaturos já montando família, a distância entre pais e filhos diminuiu tanto que os casais se atrapalham ao definir o que podem ou não falar com as crianças. E isso, cá entre nós, é um assunto muito importante. Claro que essa definição depende da idade dos filhos. Crianças pequenas devem ser poupadas de problemas, devem ter a certeza de que os pais estão
ali para protegê-las. Por isso, é prudente o casal evitar brigas na frente delas e, mais que isso, evitar começar brigas em função de algo relacionado a elas, uma desobediência, por exemplo, o que causa enorme ansiedade na criança. Mas também não é o caso de nunca deixar o filho saber de nada. Não deve haver fingimento. Se a criança vê que os pais não se falam e pergunta à mãe: “Você está com raiva do papai?”. Ela deve responder naturalmente: “Sim, estamos brigados, mas você não precisa se preocupar, vamos resolver entre nós, fique tranquila”. Pais podem e devem demonstrar se estão tristes ou alegres. No caso de uma perda,
um animal que morre, uma doença na família, a criança deve ser informada e incentivada a expressar sua tristeza. Se acontece uma grande alegria, um casamento, um novo irmão, também deve poder ficar alegre, se congratular. É sempre bom expressar sentimentos, o que não é bom é que a criança participe de fofocas ou se preocupe com disputas familiares. Esses não são assuntos para as crianças. Com elas, outras conversas podem ser incentivadas. Sobre a história da família, por exemplo. Elas precisam saber quem são ou foram seus avós e bisavós, de que culturas vieram, como foi a infância dos pais, como era sua vida quando tinham
a idade deles. Isso dá estrutura, ajuda a valorizar as origens. Também não é ruim conversar sobre a vida financeira da família, desde que não seja para se queixar . Haveria assuntos proibidos? Sim. Entre eles, criticar um dos pais ou avós, reclamar de falta de dinheiro, atribuir culpa ao pai ou à mãe pela vida que a família leva e dar detalhes sobre a vida sexual dos pais. Este último tema costuma surgir quando há uma separação e o pai ou a mãe, empolgados com um novo romance, começam falar sobre sua vida íntima. Querem ser amigos dos filhos, mas não é o caso. Pai e mãe não são amigos, são pai e mãe para sempre. Se acontecer uma separação, os filhos devem ser postos a par, mas sem detalhes e nunca expressando raiva ou culpando o parceiro. Deve ficar claro que foi o casal que se separou e que ninguém se separa de filho. Na adolescência, surgem outras questões. Hoje, é comum adolescentes terem pais que querem ser tão jovens quanto eles. Isso é um problema. Mesmo que vivam momentos parecidos, como novos romances, esse não é um assunto, como já foi dito, para filhos. Pais que querem viver uma segunda adolescência, junto com a dos filhos, e se vestem como eles, frequentam os mesmos lugares, esquecendo que são pais, causam insegurança nos jovens, que também não irão querer crescer. Pais maduros, que viveram a adolescência na época certa, por sua vez, podem ajudar os filhos a crescer e a assumir suas responsabilidades.
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Casais precisam ficar atentos ao que falam com e perto dos filhos
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