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Etimologia

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Bancarrota: do Italiano bancarotta, banco quebrado. Designa, na verdade, a quebra de qualquer empresa. É o que ocorre em O Inverno de nossa Desesperança, do escritor norte-americano John Steinbeck (1902-1968), Prêmio Nobel de Literatura em 1962, que trata das peripécias de uma família rica, composta de um casal e dois filhos. O pai passa a trabalhar de empregado na mercearia que vendeu a um imigrante para pagar dívidas. A filha adolescente pergunta ao pai quando é que eles vão ficar ricos de novo. Sua reflexão:“Mas eu não lhe disse o que sei: ‘Vamos ficar ricos logo, e você, que lida mal com a pobreza, vai lidar mal com a riqueza do mesmo jeito’. É verdade. Na pobreza, ela é invejosa. Na riqueza, ficará esnobe. O dinheiro não transforma a doença, muda apenas os sintomas”. Para recuperar a empresa, ele denuncia o patrão, que está ilegal no país.

Decidir: do Latim decidire, de caedere, cortar, podar, tomando o sentido de destrinchar, resolver, cujo étimo está presente também em conciso, preciso, circuncidar e rescisão, entre outros assemelhados. Seu significado mais comum é o de resolver um problema. Foi o que fez o ministro Celso de Mello (67), do Supremo Tribunal Federal (STF), ao proferir o voto que decidiu a questão dos embargos infringentes, cuja votação estava empatada em 5 a 5.

Inverno: do Latim hibernus, relativo a Hiems, deus do frio na Roma antiga. Veio da expressão tempus hibernum, estação do ano entre o outono e a primavera. No Hemisfério Sul, o inverno começa em 21 de junho e termina no dia 21 de setembro. Por metáfora, designa situações adversas na vida humana, como aquelas narradas em O Inverno de nossa Desesperança, referido pelo ministro Marco Aurélio Mello (67), um dos mais cultos e mais irreverentes do STF, quando julgava o mensalão. O título do romance é uma frase da peça Ricardo III, do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616). O trecho citado pelo ministro foi:“Quando uma luz se apaga, fica ainda mais escuro do que se jamais ela tivesse brilhado”.

Lodo: do Latim lutum, lodo, lama, usado entretanto em sentido metafórico para designar o ambiente corrupto e corruptor instalado em certos governos e instituições. O presidente Getúlio Vargas (1883-1954) suicidou-se na manhã de 24 de agosto de 1954, após uma noite de insônia, por denúncias de que o lodo e a lama tinham tomado conta de seu governo. Foi o político e jornalista carioca Carlos Lacerda (1914-1977) quem criou a expressão “mar de lama”, em artigos no jornal Tribuna da Imprensa. Desde então é invocada com frequência em denúncias de corrupção, como as que foram feitas entre 2005 e 2006, envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (68), no episódio conhecido por mensalão. Na época, o programa Roda Viva, da TV Cultura, de São Paulo, apresentou maquete de um mar de lama, em vez do entrevistado. As denúncias foram parar no STF, mas a sentença só saiu em 2013.

Minerva: do Latim Minerva, deusa da mitologia romana. O primeiro voto de minerva foi dado em favor do réu, em votação empatada por 6 a 6. Correu notícia de que Agamenon, o comandante do Exército grego na Guerra de Troia, matara a filha, Ifigênia, oferecida em sacrifício à deusa Ártemis pela vitória. Uma das versões do mito diz que ele enganou a deusa, escondeu a filha e sacrificou um cervo. Não sabe disso Climnestra, esposa de Agamenon e mãe de Ifigênia, que mata o marido, vingando a morte da filha. Tempos depois, outros dois filhos, Orestes e Electra, cumprindo ordem do deus Apolo, matam a mãe para vingar o pai. No julgamento,
o primeiro do mundo, Orestes é absolvido pelo voto de Minerva, nome romano da deusa Atena. Desde então, chama-se voto de minerva o voto de desempate em casos semelhantes.

Oportuno: do Latim opportunus, que leva em direção ao porto, do Latim portus, do mesmo étimo de porta, ambos com o significado de entrada, saída. Portunus era o deus dos portos. É adjetivo que qualifica o que vem a tempo. O susbtantivo equivalente é oportunidade, sinônimo de ocasião, do Latim occasione, declinação de occasio, conjuntura favorável a que algo aconteça. Occasioé do mesmo étimo de ocaso e de cair.


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