De coração aberto e inspirada pelo poder do amor, Daniela Mercury (47) mostrou ser uma mulher de personalidade forte e que coloca sua felicidade acima de qualquer julgamento ao comunicar a união com a jornalista Malu Verçosa (36), editora-chefe da TV Bahia e apresentadora do programa Salto Alto, da rádio CBN de Salvador, com quem se relaciona há quase quatro meses. O anúncio, feito por meio de rede social diretamente de Lisboa, onde estava fazendo shows da turnê Canibália – Ritmos do Brasil, prontamente ganhou manifestações de apoio.“Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração para cantar”, publicou a baiana junto com imagens dela e da nova companheira em puro clima de romantismo. “Estou feliz, estou amando. Sou uma pessoa realizada”, disparou.
Segura de seu sentimento, ela não teme que a atitude afete sua trajetória profissional e o dia a dia.“Não esperamos nenhuma mudança na nossa rotina familiar. Eu canto para me expressar como pessoa e fica a critério de cada um acolher a minha arte ou não. Eu não acredito que meu amor cause nenhum tipo de problema”, atestou ela, que também não vê alterações em sua atuação como embaixadora do Unicef no Brasil, título conquistado em outubro de 1995 por seu engajamento na defesa dos direitos das crianças, do adolescente e da mulher. “O que rege os embaixadores do Unicef é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que celebra o direito das pessoas serem como são. É proibido qualquer tipo de preconceito na ONU”, acrescentou Daniela.
Mãe do músico Gabriel (26) e da bailarina Giovana Póvoas (25), do casamento de 12 anos com o engenheiro Zalther Póvoas (48), além de Márcia (14), Analice (10) e Ana Isabel (2), adotadas com o ex-marido, o publicitário italiano e sócio da agência Mix Brad Experience Marco Scabia (38), a cantora explica como foi a reação dos filhos diante da notícia. “Todos eles adoram a Malu e a rotina das crianças não será alterada. Agora, elas terão mais amor e mais atenção com duas mães!”, afirmou ela, confiante no comportamento dos herdeiros caso sofram algum tipo de preconceito ou discriminação, tanto nas ruas como na escola.“Se isso acontecer, eles estão preparados para vencer qualquer agressividade com firmeza e delicadeza, educando os colegas ou quem quer que seja a nos respeitarem. Eles estão acostumados a entender as diferenças.”
Diante da transparência das emoções, a baiana ainda confessou ter se relacionado com outras mulheres anteriormente e justifica que, apesar da família saber, não tornou o fato público por medo da repercussão na imprensa, entretanto, não esconde que omitir o caso lhe causou uma sensação desconfortável.“Como todo mundo, quero ser aceita, ter liberdade e ser respeitada. Quis tratar tudo isso de uma forma natural, pois é assim que tudo é. Eu comuniquei meu casamento com Malu para tratar com a mesma naturalidade que tratei outras relações. É uma postura afirmativa da minha liberdade e uma forma de mostrar minha visão de mundo”, defendeu ela.
Somando mais de 30 anos de uma brilhante carreira nos palcos, com três indicações ao Grammy Latino, sendo vencedora em 2007 na categoria Melhor Álbum de Música Regional, com Balé Mulato – Ao Vivo, Daniela não cansa de exaltar a sua paixão pela música. Aos 16 anos, subiu pela primeira vez em um trio elétrico para comandar a folia do carnaval de Salvador e, mais uma vez quebrou tabus, já que na época apenas homens encabeçavam tal tarefa. “Desde pequena escuto diversos nomes e estilos, depois fiz muitas pesquisas musicais, muitas viagens pelo Brasil e até pelo mundo e isso me permite uma diversidade na área. Minha vida é mostrar que a música popular brasileira é única, plural, diversa, ampla, vasta e é uma inspiração a todos. Desde pequena tive uma noção muito clara de onde poderia chegar e quem poderia ser. Por vezes, me deparei com preconceitos de pessoas que talvez não acreditassem na força e potencial da mulher”, já declarou a diva.
Dias antes do comentado anúncio, a cantora trocou alianças com a jornalista na romântica capital francesa, Paris, e já exalta o desejo de oficializar a união na esfera civil. “Voltamos de viagem casadas e morando juntas. Estamos organizando nossa vida e pensamos, sim, em oficializar. Estamos orgulhosas, pois a Bahia é um dos Estados onde esse casamento é possível”, contou Daniela. A musa do axé, por sinal, parece ter predileção por matrimônios em solo europeu. Em seu último casamento, em 2009, com Scabia, as juras de amor foram feitas em Roma, cidade natal dele. O fim da relação foi anunciado no início deste ano.“Me apaixono por pessoas, não por gêneros. Sou uma pessoa aberta”, exaltou a artista. No intervalo entre as duas uniões heterossexuais, a soteropolitana viveu seis anos de romance com o advogado Marcelo Porciúncula (40), mas não chegou a oficializar a relação. Após o namoro, ela passou a ser mais discreta quando o assunto envolve seu coração, entretanto, chegou a assumir rápido affaire com o modelo Lucas Nolasco (35), antes da boda com Scabia, radicado no Brasil desde 1994 e que, assim como a ex, é apaixonado por música, sendo íntimo da guitarra nas horas vagas. Morando sozinho em um apartamento de 400m² na capital paulista desde o término do casamento, o publicitário já faz planos de se mudar para um espaço menor, mas, claro, que tenha conforto e aconchego suficientes para as filhas — Márcia, Analice e Ana Isabel. “O mais importante é que fui casado com uma pessoa incrível e sei que ela vai cuidar de nossas meninas com todo zelo do mundo junto comigo. O que me interessa é que Daniela seja feliz e suas escolhas não competem a mim e nem a ninguém”, comentou ele.
A passagem pelo velho continente, aliás, foi intensa e marcante para o novo casal. Além das apresentações de Daniela, em Lisboa e Porto, e da emocionante troca de alianças na Cidade Luz, elas ainda curtiram passeios em clima de lua de mel, com paradas na cidade de Óbidos, em terras lusitanas, e São Petersburgo, na Rússia. Radiante, a baiana ainda pôde contar com a participação de seus primogênitos, Gabriel e Giovana, que integram a turnê. “Filhos são encantadores e tenho muito admiração por todos. Acho que eles acabam cuidando mais de mim do que eu deles. Sou uma mãe que preza pela liberdade”, já disse a baiana, que é vovó de Clarisse (3), herdeira de Gabriel.
Chegando aos 50 anos, Daniela dá exemplo não só de personalidade, mas também de boa de forma e disposição. Em suas apresentações, a palavra de ordem é empolgar o público e, para tanto, ela não poupa energia quando está em cima do palco. “Adoro dançar e faço muito isso! Mas prefiro não fazer isso com as minhas músicas, afinal, já danço demais com elas, mas é um exercício muito bom para emagrecer, manter a forma e a cinturinha”, falou ela, que nunca deixará a feminilidade de lado. “Meu DNA, assim como a minha música, é nordestino, elegante e também feminino.”
A atitude corajosa da artista de assumir publicamente um relacionamento homossexual ainda serviu para endossar as manifestações contra as polêmicas e conservadoras declarações do presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marco Feliciano (40), sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. “A importância disso é deixar ainda mais claro para todos que a nossa união não tem nada de diferente. Numa época em que temos um Feliciano desrespeitando os direitos humanos, grito meu amor aos sete ventos. Quem sabe assim haja alguma lucidez no congresso brasileiro”, concluiu Daniela, colocando, mais uma vez, sua liberdade de expressão em primeiro lugar e fazendo do assunto um debate nacional.“Não foi por causa de Feliciano que fiz esse anúncio, mas fico feliz por ter acontecido isso comigo em um momento importante para o Brasil e também para que as pessoas tenham coragem de dizer quem elas são de verdade. Malu me deu coragem para tal atitude”, ponderou a musa.
Com a sensação de alívio por ter deixado a verdade imperar, a baiana sintetizou todo o momento e a situação em que vive com uma frase substancial: “Somos diferentes. Viva o amor.”
– Depois de ter comunicado a união, o que espera de mudança no dia a dia de vocês, seja na rotina familiar, de cantora de sucesso e Embaixadora do Unicef? Existe algum receio que essa atitude prejudique sua imagem em alguma dessas frentes?
– Não esperamos nenhuma mudança na nossa rotina familiar. O que rege os embaixadores do Unicef é a Declaração Universal dos Direitos Humanos que celebra o direito das pessoas serem como são. É proibido qualquer tipo de preconceito dentro da ONU. Eu canto para me expressar como pessoa e fica a critério de cada um acolher a minha arte ou não. Eu não acredito que meu amor cause nenhum tipo de problema.
– Você e Malu já dividem ou planejam dividir o mesmo teto? E como fica a rotina das crianças diante dessa família? Tem receio de que elas sofram algum tipo de preconceito?
– Voltamos de viagem casadas e estamos morando juntas. A rotina das crianças não será alterada. Elas terão agora mais amor, mais atenção, com duas mães em casa. Todos os meus filhos adoram a Malu. Quanto ao preconceito, caso isso venha a acontecer, eles estão preparados para vencer qualquer tipo de agressividade com firmeza e delicadeza, educando os colegas ou quem quer que seja a nos respeitar como somos.
– Planejam oficializar a união no cartório? Qual seria a importância desse ato, tanto para o casal como para a sociedade?
– Nós estamos organizando nossa vida e pensamos, sim, em oficializar a união. Estamos muito orgulhosas da Bahia ser um dos Estados onde o casamento é possível. A importância disso é deixar ainda mais claro para as pessoas que nossa união não tem nada de diferente.